“Enganoso é o coração, mais do que todas as
coisas, e perverso: quem poderá conhecer?”
(Jr
17:9)
A falta da busca da verdadeira
vontade de Deus é um erro grave e frequente entre os cristãos. Esquecemos
que não se deve fazer, nem deixar de fazer absolutamente nada sem antes
perguntar ao Senhor. Se o coração diz algo, isso não deve ser ignorado, mas
devemos colocar diante de Deus e aguardar que Ele nos responda. Devemos ter
certeza se aquele direcionamento é dEle, ou apenas mais um dos enganos do
coração do homem. Mas como obter essa resposta?
Deus fala de diversas maneiras ao
nosso espírito. Muitas vezes, quando oramos, Ele nos responde de maneira
natural, seja usando a boca de um irmão com uma simples conversa ou pregação,
sem que ele perceba; pode usar as letras do louvor ou o estudo da Sua Palavra,
ou mesmo, fatos da nossa própria vida, no cotidiano. Mas também a resposta pode
vir por meio de um sonho ou uma revelação.
Infelizmente, nós, seres humanos,
tendemos a deixar escapar os sinais óbvios e esperamos por sinais miraculosos.
Isso é um erro! Na maioria das vezes a
voz do Espírito é suave, bem sutil. Vamos dar um bom exemplo para entendermos
isso:
Wladimar conhece uma linda garota
da igreja, Dalila. Conversam e percebem uma boa ligação entre eles. Continuam
se encontrando para se conhecerem melhor. Wladimar percebe que aquela moça não
é tão firme na igreja, mas está encantado com sua beleza. Passa a orar a Deus e
pedir direcionamento. Pede que Deus a mude, se a vontade do Senhor for que eles
fiquem juntos. O tempo passa e João fica cada vez mais apaixonado, assim como
ela, mas apesar disso, ele vê que as atitudes de Dalila não são de uma pessoa
que teme a Deus e ele está por um triz de cair em tentação. Ele se sente
incomodado com isso, mas continua acreditando nesse relacionamento.
Conseguem enxergar o perigo? Wladimar não ouviu a sutileza do Espírito o incomodando. Não compreendeu a voz de Deus e
continuou se deixando levar. Ele, talvez, estava esperando um sinal majestoso e
não conseguiu enxergar o óbvio: Dalila
acabará por afastá-lo do Senhor. Eles podem até continuar indo à igreja, mas
provavelmente cairão em fornicação e automaticamente irão se afastar cada vez
mais de Deus. Ainda que Wladimar peça perdão pelos seus pecados e purifique o
relacionamento com o casamento, ficará a questão: Será que isso dará certo?
Pode ser que sim, mas também pode ser que não. Agora, vejamos os sinais do cotidiano e o que o Espírito Santo estava
querendo alertar. Quais são os alicerces de uma mulher ou um homem, que não
teme a Deus e não se importa em cumprir seus mandamentos? Diante de uma
dificuldade, o que embasará as decisões dessa pessoa? Quando a paixão inicial
se esfriar, o que manterá essa família firme? Infelizmente, Wladimar pode ter a
triste decepção de perceber que construiu um verdadeiro castelo de areia. Deus poderia mudar Dalila? Sim, por que não?
Mas certamente os sinais seriam vistos, no entanto, o Espírito Santo estava
incomodando Wladimar, e não o tranquilizando.
Não poderia deixar de escolher
esse exemplo, porque fatos como esse acontecem todos os dias e vemos famílias
destruídas e vidas arruinadas. A área sentimental é uma escolha fácil do
inimigo para destruir o povo de Deus. Não podemos nos deixar levar pelo coração
enganoso do homem, mas sempre buscar direcionamento de Deus e procurar ouvi-lo.
Sim, Deus ainda fala. E faz isso
mais de uma vez. Se ainda resta dúvida que é o Espírito quem está falando, peça
outros sinais, que Ele não deixará de responder. Vejamos alguns trechos da
Bíblia que nos revela que o Senhor fala mais de uma vez.
No Capítulo 41 de Gênesis, versos
16 ao 32, mostra que Deus deu a Faraó dois sonhos reveladores, um confirmando o
outro. Ao interpretar os sonhos, José é bem claro quando diz “Ora, se o sonho foi duplicado a Faraó, é
porque esta coisa é determinada por Deus, e ele brevemente fará”. Você deve
estar se perguntando: “Mas esse caso não dizia respeito a uma profecia? Não
resposta de Deus!” Ok. Você está certo. Era uma profecia de tempos que viriam.
Então vamos para Juízes. Gideão foi levantado por Deus para livrar o povo de
Israel das mãos dos minianitas. Deus entregou os filhos de Israel a Midiã
porque estavam agindo mal aos olhos do Senhor. Mas eles clamaram e Deus ouviu o
clamor do povo. Quando o Senhor apareceu para falar com Gideão, ele teve
dúvidas que era Iahvéh quem estava falando, então, pediu um sinal para que
tivesse certeza:
“Se agora tenho achado graça aos teus olhos, dá-me um sinal de que és
tu que falas comigo”
(Juízes 6:17b)
Deus respondeu o seu pedido no
verso 21 e pediu que destruísse o altar de Baal. Gideão obedeceu, e logo os
Midianitas se levantaram contra ele para o matar. Gideão, então, faz nova prova
com Deus por duas vezes nos versos 36 e 40. Nesse caso, os sinais de Deus foram
sobrenaturais, mas isso não quer dizer que será sempre assim. Quero ressaltar
que todos aqueles que confiam no Senhor devem colocar as suas petições diante
dEle e esperar a resposta, ou as respostas, pois se a primeira não for
convincente, não há mal em pedir que Ele responda outra vez. Deus conhece
nossas fragilidades, mas sempre atentos com o alerta: “Uma geração má e adultera pede um sinal. E nenhum sinal se lhe dará,
senão o do profeta Jonas” (Mt 12:39). Sejamos irrepreensíveis diante do
Senhor, pois sem santidade não há como se comunicar com Deus.
Precisamos ser cautelosos com as
“visões” e “profecias” nos dias de hoje. Nem tudo provém do Senhor,
mas pode
vir do homem e espíritos enganosos. Precisamos nos conscientizar que o inimigo
também pode fazer tais coisas, sabendo que o ser humano tende a se inclinar
mais ao sobrenatural do que ao natural. Em I Reis 24 o Rei de Judá (Reino do
Sul), Jeosafá, chamou o Rei de Israel (Reino do Norte) para pelejar e tomar de
volta Ramote-Gileade, que havia sido dominada pelo rei da Síria. Jeosafá,
antes, procurou consultar a Palavra do Senhor por meio dos profetas.
Quatrocentos profetas disseram que Deus iria lhe dar a vitória. Havia mais um
profeta que se chamava Micaías, porém, o Rei de Israel não gostava dele, pois
dizia que só profetizava mal. Mas por insistência de Jeosafá, Micaías foi
chamado e consultado:
“Micaías, iremos a Ramote-Gileade à peleja, ou deixaremos de ir?
Respondeu-lhe ele: Sobe, e será bem sucedido, porque o Senhor a entregará nas
mãos do rei. E o rei lhe disse: Quantas vezes hei de conjurar-te que não me
fales senão a verdade em nome do Senhor? Então disse ele: Vi todo o Israel
disperso pelos montes, como ovelhas que não têm pastor; e disse o Senhor: Estes
não têm senhor; torne cada um em paz para sua casa. Disse o rei de Israel a
Jeosafá: Não te disse eu que não profetizaria bem a meu respeito, mas somente
mal? (1 Rs 15b-18).
Havia três motivos para que Deus
permitisse que os profetas profetizassem mentira:
- O Rei de Israel não andava reto aos olhos do Senhor (I Rs 16:30), pois seguia o mesmo caminho de Jeroboão, primeiro Rei de Israel, que adorava a outros deuses e fazia tantas outras coisas que não eram corretas aos olhos do Senhor;
- Julgou Micaías, um profeta de Deus, dizendo que só profetizava mal e a palavra de Deus diz que não ficará inocente aquele que se levantar contra um ungido do Senhor (I Sm 26:9), e que não é para nós julgarmos os profetas, mas apenas as profecias (I Co 14:29)
- Queria ouvir somente aquilo que satisfizesse seus ouvidos, no caso, queria ouvir que teria vitória.
Esses são os
motivos que levam o Senhor a permitir eu o espírito de mentira use a boca de
seus profetas. Todos os profetas que profetizaram mentira, inclusive Micaías,
que só falou a verdade após o Rei de Israel pedir que o fizesse em nome do
Senhor, como pode ser visto na citação acima. A possibilidade de que um
profeta do Senhor proferir a mentira está em I Rs 24:20-22. “E o Senhor perguntou: Quem induzirá Acabe a
subir, para que caia em Ramote-Gileade? E um respondia de um modo e outro de
outro. Então saiu um espírito, apresentou-se diante do Senhor, e disse: Eu o
induzirei. E o Senhor lhe perguntou: De que modo? Respondeu ele: eu sairei, e
serei um espírito mentiroso na boca de todos os seus profetas. Ao que disse o
senhor: Tu o induzirás e prevalecerás; sai e faça assim”
Duro ver uma
passagem, assim, a nossos próprios olhos, mas precisamos ver além das aparências, enxergando que o mundo está sob o pecado e suas consequências, bem
como analisar as atitudes do Rei de Israel, que servia a Baal, assim como seu
pai Jeroboão. Aquele era o juízo de Deus sobre eles. Se o cristão está
irrepreensível e tiver uma promessa, já confirmada pelo Senhor, mesmo que
demore, não a despreze por causa dessa verdade acima. Em I Ts 5:20-21 diz: “Não desprezeis as profecias, mas ponde tudo
à prova. Retende o que é bom”. Já colocou à prova? Então, tenha paciência e
aguarde o tempo determinado do Senhor. Não faça como Abraão e Sarah que,
acreditando estarem ajudando Deus, acabaram gerando um filho de Agar, por um
lapso de dúvida, tendo esse erro gerado consequências até os dias de hoje, tendo os descendentes de Ismael como inimigos que não cessam de levantar a espada contra Israel.
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