TEMPLO DE DEUS







“`À medida que se aproximam dele, a pedra viva-rejeitada pelos homens, mas escolhida por Deus e preciosa para ele, vocês também estão sendo utilizados como pedras vivas na edificação de uma casa espiritual para serem sacerdócio santo, oferecendo sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus, por meio de Jesus Cristo” 1Pe 2:4-5
“Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” I Co 3:16
“Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” I Co 6:19


Propósito do Templo

Afinal, qual é o propósito do Templo?

De acordo com a Bíblia, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, o Templo é a habitação de Deus. Também é o local de oferecimento de sacrifícios agradáveis a Ele. No Antigo Testamento, vemos que Deus determinou aos seus servos a construção do Templo, para que pudesse habitar próximo de seu povo e purifica-los de seus pecados. Nessa época, o Espírito de Deus não habitava sobre todos os homens, mas apenas estava sobre aqueles que eram ungidos (para entender melhor sobre a necessidade do Sacrifício Expiatório, o perdão dos pecados, salvação, leia o Estudo: “Expiação”). Resumidamente, o caminho entre Deus e os homens ainda não era livre, na época do Antigo Testamento. Por isso, o ritual da expiação anual era fundamental. E este só poderia ser realizado dentro do Templo. Na verdade, o acesso ao perdão só era obtido por meio do referido Ritual da Expiação, anualmente, diante de Deus, ou seja, dentro do Santo dos Santos, ou Lugar Santíssimo, não sem derramamento de sangue (Hb 9:6-7).

Mas, e nos dias de hoje? Se Jesus foi o último sacrifício, que proporcionou a nossa redenção, seria necessária a construção de Templos? De acordo coma a Bíblia, não.
Todos aqueles rituais e sacrifícios determinados a Moisés eram apenas uma sobra, um protótipo do que haveria de vir. Vemos que, no Livro de Êxodo, o primeiro Templo foi feito por Moisés, com orientações de forma, tamanho, estrutura, e, até mesmo, de materiais que deveriam ser utilizados em sua construção; inclusive quais seriam os materiais para a fabricação dos utensílios que seriam usados após a sua conclusão (Hb 8:5). A parte mais importante do Templo era chamada “Santo dos Santos”, ou “Lugar Santíssimo”; essa era, também, a parte mais sagrada (Êx 26:33). Era o local onde ficava a Arca da Aliança, com os objetos: Vara de Arão, o vaso com maná e as tábuas da lei (Hb 9:3-5), que representavam a aliança de Deus com Israel (nome que foi dado ao povo - mesmo nome dado a Jacó). A Arca, em si, representava a presença de Deus. Ficava localizada debaixo de dois querubins, e separada do Lugar Santo por um véu. OBS: Grave bem essas palavras grifadas, pois esse véu de separação é muito importante, e falaremos dele mais adiante. O Lugar Santo, aquele que ficava antes do Lugar Santíssimo, era onde o sacerdote colaborava com o ritual da expiação, junto com o sumo sacerdote, e realizava outros rituais de ofertas e oblações.

Como vimos, além da habitação de Deus o Templo era usado para Ofertas, holocaustos e oblações pelo pecado. O “Santo dos Santos” era a parte mais sagrada, porque era o local onde ficava a Arca da Aliança, e representava a Presença de Deus. Da Arca emanava um poder tão grande e santo, que ninguém poderia tocá-la, ou seria fulminado. O Sumo Sacerdote era o único que poderia adentar à presença de Deus, mas tinha que ter um motivo: “o Rito da Expiação e Propiciação” (Lv 16:2,16,18; Lv 23:27; 1 Cr 6:49). Mas, se ele estivesse em pecado, e entrasse lá, esse seria o seu fim. Por esse motivo, antes de oferecer o sacrifício anual pelo povo, era necessário oferecer por si mesmo e sua família (Ex 30:10). A ordenança era que o rito acontecesse uma vez por ano, para que o povo permanecesse com a bênção do perdão por todo o ano. (Levítico 16: 30-34). Como falamos acima, todo esse ritual era realizado como protótipo do que haveria de vir, até se consumar o sacrifício perfeito, no verdadeiro santuário, com o imortal sumo sacerdote, derramando o mais justo, puro e inocente sangue, que nenhum animal poderia substituir. Por isso Jesus disse: “Está consumado” (João 19:30) e o véu do Templo se rasgou quando ele morreu (Lc 23:45), como sinal físico aos homens, porque a partir daquele momento, o caminho até a presença de Deus estava aberto para sempre, e não mais seriam necessários os sacrifícios anuais de animais, mediante um sumo-sacerdote mortal, mas o sacrifício perfeito foi concretizado, por derramamento de sangue perfeito, por um sumo-sacerdote eterno, mediador eterno, apto a estar na presença de Deus eternamente. E nós, fomos eleitos a sermos o sacerdócio real, a nação santa, povo adquirido por meio de sangue (1 Pe 2:9), chamados a oferecer sacrifícios espirituais de louvor e ação de graças, e serviço pela fé (1 Pedro 2:5, Hebreus 13:15, Filipenses 2:17). Nós, agora, temos o Espírito Santo habitando dentro de nós, nos convencendo do erro e do juízo, pois gravou as letras da tábua em nossos corações para não pecarmos contra o altíssimo (Hebreus 10:16, Romanos 2:15, Zacarias 14:20, Jr 31:33-34), e se por fraqueza da carne viermos a vacilar, sabemos que SE nos arrependermos e confessarmos nossas falhas, temos o mediador eterno, o sumo-sacerdote eterno, para interceder diante de Deus (Hebreus 12:24; Hebreus 9:15), que é fiel e justo para nos perdoar (1 João 1:6-9).

A Quem Devemos Confessar Nossos Pecados:

Para aqueles que acreditam que essa confissão deve ser feita a homens, quero esclarecer que isso não é verdade. Precisamos elucidar esse ponto sobre o perdão, aqui neste estudo, pois está diretamente ligado à Expiação, ao Templo e ao Sacerdócio. Por tudo o que estudamos até agora, podemos ter a certeza que não necessitamos mais de homens para serem mediadores, esteja ele vivo ou morto, ou “elevado aos céus” (como no caso dos profetas que foram arrebatados: Enoque e Elias; ou em relatos de livros apócrifos).

Alguns usaram a passagem: “aqueles a quem perdoardes os pecados lhes são perdoados; e àqueles a quem os retiverdes lhes são retidos.” (João 20:23) para implementar uma doutrina humana de que alguns homens tem o poder de perdoar pecados. Chamam esses “homens especiais” de “sacerdotes”, sendo que essa doutrina, logo aqui, já vai contra o ensinamento de Jesus, que elegeu a todo aquele que crê em seu nome, de “sacerdócio santo”. Portanto, é de se esperar que um cristão sensato, que leia e releia essa passagem, juntamente com todo o teor bíblico que fale sobre o tema, para constatar qual o verdadeiro significado, orando e jejuando, sem sessar, até que o Espírito Santo lhe dê o entendimento. Se algo parece turvo, estude!

Ao nos ater no contesto e em outras passagens que tratam do mesmo assunto, e, ainda, buscando os tempos verbais das versões do grego, vemos que essa passagem deveria ter sido traduzida para o tempo perfeito, e não como está. Isso importa, e muito, no que realmente Jesus quis dizer. Ao analisarmos o contesto, vemos que Jesus está chamando os apóstolos a anunciar o Evangelho. Anunciar às Boas Novas de salvação: Todo aquele que crer, e se arrepender, os seus pecados lhes serão perdoados. Se eles deixarem de anunciar a verdade, os pecados daquele povo serão retidos. Foi entregue a eles, a partir daquele momento, “As Chaves” para abrir as portas do Reino de Deus, por meio do conhecimento da Verdade. Sim, “As Chaves”. Vamos recordar da passagem lá atrás, em Lucas 11:39-52, onde Jesus culpa os peritos da lei de apoderarem-se da chave do conhecimento, dizendo que eles incluíram doutrinas de homens na lei, impossíveis de serem cumpridas, e mataram seus profetas que anunciavam a verdade, e impediram (trancaram) os que estavam prestes a entrar (no Reino).

Em Mateus 18:18 vemos a passagem: “Digo a verdade: Tudo o que vocês ligarem na terra terá sido ligado no céu, e tudo o que vocês desligarem na terra terá sido desligado no céu”. O contesto dessa passagem se trata de perdão de pecados e exclusão de irmão de entre os que creem. E Jesus Cristo está falando com todos os discípulos, não somente com Pedro. Estava ensinando que se alguém peca contra você, você conversa com essa pessoa e mostra que ela está errada, e se ela cair em si, você ganha um irmão. Mas se ela não se arrepende, você, juntamente com testemunhas, tem o poder de afastar essa pessoa dentre vocês. No versículo 19 e 20 fala que “Também digo que, se dois de vocês concordarem na terra em qualquer assunto sobre o qual pedirem, isso será feito a vocês por meio do meu Pai que está nos céus. Pois onde se reunirem dois ou três em meu nome, ali eu estou no meio deles”.  Isso quer dizer que o “poder” de ligar e desligar está com a Igreja, ou seja, com dois ou mais pessoas reunidas em nome de Jesus. E não na mão de um só homem, apesar da passagem anterior, de Mateus 16:18-19, em que Jesus fala a mesma coisa diretamente para Pedro:  que lhe dará “Chave do Reino dos Céus” para ligar e desligar. Vemos então, que Jesus falou com Pedro, sim, mas não somente com ele, e , sim, com todos os discípulos, mostrando que esse poder estava nas mãos da Igreja, ou seja, duas ou mais pessoas reunidas em seu nome

Aí está o perigo de basear doutrinas em uma única passagem, pois esta pode não estar bem clara; analisar o seu contesto, também é de fundamental importância. Se não existem outras passagens que afirmem uma doutrina, ou se ela, mesma, se esbarra com uma verdade bíblica em algum ponto, não pode ser aderida. Aí está a prudência tanto elucidada por Paulo: Análise das Escrituras. Se Jesus quisesse ensinar que o poder de perdoar pecados tivesse sido dado a alguns homens, seria óbvio a existência de outras passagens com a mesma afirmação, e relatos de coisas desse tipo no Novo Testamento, como no Livro de Atos, ou nas Epístolas, o que não existe!

Outra passagem sobre perdão que não eu poderia deixar de colocar aqui, é aquela ensinada por Jesus, quando mostra de que maneira deveremos orar, em Mateus 6:12:  “E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores. Nessa passagem, Jesus está sendo bem claro que nós seremos perdoados, assim como perdoamos a quem pecou contra nós, mostrando que nós devemos perdoar 70 vezes 7 vezes, para sermos perdoados.

Enfim, nossa confissão deve ser feita em oração, diante de Deus, em nome de seu Filho. Nenhum homem seria mais perfeito que Jesus para ser mediador entre nós e Deus. Colocar um homem corruptível como mediador entre nós e o Pai é ignorar tudo aquilo que aprendemos sobre Jesus Cristo, o Sumo Sacerdote eterno e justo, único mediador entre nós e Deus (1 Timóteo 2:5). É muito perigoso! Não aceitá-lo como único mediador é ignorar o sacrifício do Filho; é não confiar que foi suficiente, uma vez por todas; é negar que foi perfeito, e sabemos que, sem ele, não há salvação (Hebreus 9:15). Um grande erro, também, é acreditar que nós precisamos de um mediador entre nós e Jesus. Isso não existe! Ele se despiu de sua glória e viveu como homem, e conhece todas as nossas limitações. E agora, recebeu a sua glória de volta, podendo nos ouvir até pelos pensamentos, o que nenhum homem é capaz de fazer, mesmo que já esteja morto, ou arrebatado aos céus, simplesmente porque nossa essência é distinta da essência de Jesus.

O Templo Após o Sacrifício de Cristo

De acordo com o Novo Testamento, Deus não mais se utiliza de templos feitos por mão humanas, e esse não é mais o lugar de sua habitação (Atos 17:24; Hb 8:6-13). O sacrifício de expiação feito por Jesus Cristo aniquilou definitivamente o propósito da construção de novos templos. Agora, Deus habita dentro de nós. Nós somos o Templo do Espírito do Pai, para oferecermos sacrifícios de amor, de gratidão, todos os dias.

No entanto, nós precisamos de um local para congregar com os irmãos que têm a mesma fé. Mas esse local pode ser uma casa, uma escola, qualquer tenda montada no meio do nada. Não necessitamos de luxo, nem ostentar nenhuma riqueza, apenas de uma reunião, onde haja duas ou mais pessoas que professam a mesma fé.

Se o Templo somos nós, precisamos deixá-lo limpo, não somente por fora, mas por dentro, cuidando do que comemos e bebemos, sem exageros e glutonarias. Precisamos cuidar do que vemos e ouvimos. Do lugar que escolhemos estar. Por isso, o Senhor nos ensina a santificação. Esta deve ser buscada dia após dia. Não virá de uma só vez, mas aos poucos nos adaptamos ao nosso hóspede eterno, e nos  moldamos de acordo com os seus ensinamentos.

Qualquer denominação que queira endeusar um templo feito por mãos humanas, desconfie! Qualquer um que queira implementar uma doutrina nova, que deve ser realizada dentro de um templo feito por mãos humanas, rejeite! Sim, porque nós somos a Habitação do Senhor! Somos como Pedras Espirituais, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo o próprio Cristo Jesus a principal pedra angular desse alicerce ( Ef 2:20-22). Glória a Deus!

“Cristo, no entanto, é fiel como Filho sobre a casa de Deus; e essa casa, precisamente, somos nós, isto é, se retivermos, com fé perseverante, a coragem e a esperança da qual nos gloriamos” Hb 3:6

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