VONTADE DA CARNE E DO ESPÍRITO

Na Bíblia podemos encontrar inúmeras situações em que vontade, intelecto e emoção foram causa de tropeço para pessoas. Dentre elas, estudaremos a história de Naamã, que diz respeito ao intelecto, mas antes, iremos dar uma pincelada sobre o espírito, alma e corpo para clarear nosso estudo.
Muitas vezes a palavra “carne” na Bíblia está se referindo a vontade, intelecto e emoção do homem. Esses três fatores fazem parte da alma humana. Iremos estudar um pouco sobre esses componentes para que trabalhem a nosso favor e não contra nós:

• A vontade é o lado da nossa alma de onde aflora aquilo que queremos.
• Intelecto (ou razão) é a área da nossa alma de onde aflora a lógica.
• A emoção (ou sentimentos) é a área da nossa alma de onde aflora o que sentimos.
  

Deus nos deu a vontade, o intelecto e a emoção pois são elementos essenciais  ao livre arbítrio. Porém, eles não devem ser causa de tropeço em nossas vidas, nem nos direcionar ao caminho das trevas;
devem estar sob nosso controle. Porém, sabemos que existe uma grande dificuldade de dominar todos eles, mas o Espírito Santo nos ajuda. É um constante exercício de submissão a Deus dia após dia, mas se não lutarmos contra esses furacões que querem nos dominar, seremos escravos da carne.

Apesar desses desses elementos fazerem parte de nós, não é o que nós somos, mas somente parte do que temos. Do mesmo modo que nosso corpo é composto de membros, mas esses membros nada são em si mesmos.

A Palavra de Deus nos diz que é pelo espírito que adoramos a Deus:

“Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade porque o Pai procura a tais que assim o adorem” (Jo 4:23);

Mas para adorar a Deus é preciso nascer do Espírito:

“O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito” (Jo 3:6).

"Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes com temor, mas recebestes o espírito de adoção, pelo qual clamamos: Aba, Pai!" Rm18:5

"O Espírito mesmo testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus;" Rm 8: 16

O espírito é quem diz “sim” ou diz “não”. No nosso espírito é onde fica uma enorme dádiva de Deus aos homens: o livre arbítrio. O livre arbítrio é quem determina tudo na nossa vida. Tudo em nós tem de passar por uma decisão do livre arbítrio.

Os ímpios, que ainda não se renderam a Deus para serem salvos, são escravos de suas vontades, razões e emoções. O livre arbítrio deles não é livre. A Bíblia diz que para a liberdade foi que Deus nos libertou.

A Bíblia nos ensina, também, que a carne (vontade, intelecto e emoção) não é submissa a Deus, por isso há a necessidade da ajuda o Espírito Santo, pois Ele é quem nos ajuda a ter domínio sobre ela:

“Digo, porém: Andai pelo Espírito, e não haveis de cumprir a cobiça da carne. Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis (Gl 5:16-17).

Agora veremos como Naamã quase perdeu a bênção de Deus por deixar, por algum momento o intecto mandar em sua vida:

Naamã, conforme podemos ler em II Reis 5,não era judeu e estava leproso. Ouviu falar que em Israel havia profeta (e falaram a verdade). Ele decidiu ir até Israel e encontrar-se com Elizeu para ser curado de sua lepra. A caminho de Israel o intelecto de Naamã foi solicitando coisas e mais coisas e o seu livre arbítrio foi autorizando. Seu intelecto sugeriu que o profeta deveria sair de sua casa ao encontro dele. Seu intelecto sugeriu que o profeta deveria parar em pé diante de si e, levantando as mãos aos céus, orar ao Altíssimo. Seu intelecto sugeriu que então o profeta com suas mãos arrancaria toda a sua lepra e que ele assim seria curado, retornando a sua casa. Porém tudo aconteceu de forma diferente do que Naamã havia meticulosamente planejado. O profeta Elizeu não saiu e sim mandou o seu mensageiro com a ordem para ele se banhar sete vezes no rio Jordão. Naamã achou tudo isso um absurdo! Deve ter pensado: “Nem sequer esse profeta me recebeu?” Sim. O profeta certamente estava cumprindo a vontade de Deus que testava a fé de Naamã. O profeta não saiu ao seu encontro, não orou, não arrancou a lepra com suas mãos e ainda por cima mandou que ele se banhasse num rio que ele considerava bem insignificante, se comparado aos rios de sua terra. Essa também, era uma maneira de quebrar-lhe a arrogância. Naamã não compreendeu e, indignado, virou as costas e foi embora. Contudo, bem aventurado era Naamã, que apesar de escravo de seu intelecto, era cercado de homens sábios e que o aconselharam a obedecer a ordem do profeta. Colocar a submissão como fator de decisão e não o intelecto. Bem aventurado foi Naamã de ouvir aos seus oficiais que o dissuadiram de retornar leproso por nada daquilo estar lhe parecendo “lógico” nem muito bem “planejado”. Naamã acabou por obedecer a ordem do profeta tomando sete banhos no rio Jordão e eis que estava completamente limpo de sua lepra.

Situações como a de Naamã ainda estão presentes em nossos dias. Muitos estão presos ao seu intelecto, ou às suas próprias vontades. Muitas vezes achamos que Deus deve fazer as coisas que pedimos da maneira que planejamos e quando isso não acontece nos surpreendemos e esmorecemos. Ainda devemos levar em consideração o tempo de Deus, que não pode ser igual ao nosso. Devemos colocar nossas petições diante de Deus sim, porém, não sem nos deixar precipitar e nos envolver em ansiedades, imaginando como as coisas irão acontecer, mas devemos estar de corações abertos pois a vontade de Deus é a que deve prevalecer. Ela é boa, perfeita e agradável. Devemos ser leves e maleáveis para sermos direcionados aonde o "Vento do Espírito" quer nos levar. Sem murmurações, sem resistência, mas confiando que tudo aquilo que acontece conosco tem um propósito e, no final, tudo dará certo, pois Ele sempre quer o melhor para nós.