EXPIAÇÃO

INTRODUÇÃO


A palavra “expiação” não se encontra muitas vezes escrita na Bíblia, mas seu conceito constitui o assunto principal do Antigo e do Novo Testamento. Palavras mais conhecidas como reconciliação, propiciação, sangue, remissão de pecados e perdão estão diretamente relacionadas com esse tema. No Novo Testamento, principalmente no Livro de Hebreus, o significado da expiação é transparente; é como se a cortina de fumaça que envolvia o AT estivesse sido retirada. Agora há a luz e entendimento do significado da expiação.

O DIA DA EXPIAÇÃO


O Dia da Expiação era tido como muito importante, pois os pecados de Israel eram expiados por meio de sangue. Todo israelita sabia que "décimo dia desse sétimo mês, será o Dia da Expiação" (Lv 23:27). Esse ritual devia repetir-se a cada ano (Lv 16:34) até aquele dia grandioso em que Cristo seria "oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos" (Hb 9:28.) Havia sacrifícios diários pelo pecado, mas esse era um dia especial, de santa convocação. Levítico 16 mostra como a Expiação deveria ser feita passo a passo. O Sacerdote deveria:
  • se purificar com água (Lv 16:4);
  • vestir suas vestes santas de linho (Lv 16:4);
  • matar um novilho para fazer expiação por si e pela sua família (Lv 16:6; 11);
  • tomar uma vasilha de brasas do altar e entraria no Santo dos Santos para que a nuvem de incenso cobrisse o propiciatório, que era o lugar da expiação, da propiciação e da reconciliação (Lv 16:12);
  • tomar o sangue do novilho, entrar pela segunda vez no lugar santo com o sangue e o aspergir sete vezes sobre o propiciatório e diante dele (Lv 16:14);
  • já havido tirado a sorte para saber qual bode seria imolado (Lv 16:9), imolá-lo para a oferta pelo pecado, ultrapassar o véu pela terceira vez e faria com o sangue como tinha feito com o sangue do novilho (Lv 16:15);fazer expiação pelo lugar santo e pelo altar do holocausto (Lv 16:16-19);
  • impor as mãos sobre a cabeça do bode vivo e confessar os pecados do povo, depois, enviar o bode para o deserto (A deposição de mãos sobre a cabeça da vítima é um rito que significava a substituição e a transferência de pecados. Em cada sacrifício acha-se presente a idéia de substituição; a vítima assume o lugar do pecador humano – Foi o que Jesus fez por nós - Expiação) Lv 16:21;
  • tirar as vestes de linho, lavar-se, por outra roupa e oferecer um holocausto por si e pelo povo (Lv 16:24).

A NECESSIDADE DA EXPIAÇÃO


Deus fez o homem à Sua imagem e, como Criador, tem o maior direito de estipular o procedimento correto para a sua criação. A desobediência resultaria em pecado e isso afastaria o homem de Deus. Os primeiros seres humanos desobedeceram e a culpa deles evidenciou-se pela tentativa de se esconderem de Deus. A Justiça de Deus teria que ser satisfeita e isso exigia uma pena pelo pecado. A pena era a morte, a separação de Deus, manifestada pelo afastamento deles do jardim do Éden (Gn 3:8, 24). “A alma que pecar, essa morrerá” . Paulo resumiu a história e as consequências do pecado em Romanos 5:12: "Assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram". Se morremos em nossos pecados, não podemos ir para onde Cristo está (Jo 8:21, 24)
Através da lei de Moisés, Deus mostrou ao homem a sua posição de pecador e necessidade de purificação. A violação da lei era chamada pecado ou transgressão (1Jo 3:4). A Justiça de Deus não poderia deixar de ser satisfeita, e para que o homem não morresse, seus pecados deveriam ser expiados, ou seja, deveria haver uma "substituição" do pecador, ou seja, alguém teria que morrer em seu lugar. Somente assim seria possível que o homem pecador recebesse o perdão dos pecados!

Por que Deus, simplesmente, não perdoa todos os pecados da humanidade?

Exatamente por ser Deus, Ele não pode, simplesmente, perdoar o pecado. Ele é um ser justo, não pode mentir, precisa ser imparcial em seus julgamentos, tem que ser perfeito. Ele é o Ser Todo Poderoso e impossível de se encontrar erros. É por isso que não pode, simplesmente, perdoar. Como pode perdoar o homem, e não perdoar Satanás? Se Ele diz "a alma que pecar, esta morrerá" e depois não cumpre a Sua palavra, deixaria de ser o Ser Perfeito. Afinal, Ele é o que é. Um fato importante, também, é a sua Santidade. Como um Ser tão Santo poderia se relacionar com o profano? Por isso, tinha que cumprir a sua própria determinação, tendo realizado um plano de salvação da humanidade desde o princípio. Primeiramente, até que tudo fosse consumado, a expiação seria feita com rituais que representavam o que viria no tempo determinado. Na consumação dos tempos, o Verbo que estava com Deus e era Deus, se fez homem, habitou entre os eles, se despindo de toda a sua divindade, para obedecer todos os mandamentos. O que parecia impossível para os homens, ele cumpriu com honra e permanecer imaculado, para ser digno de ser o cordeiro perfeito, que seria aquele que pagaria pelos pecados do mundo e, assim, a justiça de Deus poderia ser cumprida, nele.


A EXPIAÇÃO E O SANGUE DE CRISTO


O pecado é a transgressão da lei, e a Justiça de Deus decreta que deve ser punido. Todos os sacrifícios feitos no antigo santuário simbolizavam a morte de Jesus para o perdão dos pecados, revelando a verdade de que "sem derramamento de sangue não há remissão" (Hb 9:22). A mediação sacerdotal revela a gravidade do pecado e a alienação que ele ocasionou entre um Deus sem pecado e a criatura pecaminosa. Jesus, o nosso Sumo Sacerdote, além de ser nosso mediador, foi o cordeiro perfeito. Levou o castigo em lugar daqueles que mereciam a punição (Is 53:8). Cristo, o Redentor, assumiu sobre Si o julgamento do pecado "carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados" (1Pe 2:24). Portanto, Cristo foi tratado como nós merecíamos, para que pudéssemos receber o tratamento a que Ele tinha direito. Foi condenado pelos nossos pecados, nos quais não tinha participação, para que fôssemos justificados por Sua justiça, na qual não tínhamos parte: "Àquele que não conheceu pecado, Ele O fez pecado por nós; para que nEle fôssemos feitos justiça de Deus" (II Co 5:21). Sofreu a morte que nos cabia, para que recebêssemos a vida que a Ele pertencia: “pelas Suas pisaduras fomos sarados' (Is 53:5)."
Quando o Salvador completou Seu sacrifício expiatório, os rituais que antecipavam esse sacrifício foram ultrapassados e por essa razão, o véu do templo se rasgou como sinal de que, a partir daquele momento, haveríamos de ter o livre acesso ao Pai. Não era mais necessário sacrifícios de animais para purificação dos pecados, pois o sacrifício perfeito havia sido concretizado. Vejamos alguns versículos de apoio:

Cristo, o nosso Sumo Sacerdote, é "santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores, que não tem necessidade, como os sumos sacerdotes, de oferecer todos os dias sacrifícios, primeiro, por seus próprios pecados, depois, pelos do povo; porque fez isto uma vez por todas, quando a si mesmo se ofereceu"
(Hebreus 7:26-27).

“Cristo, por meio de seu sangue, entrou no lugar santo do céu, tendo obtido para nós a redenção eterna e agora apresenta-se a nosso favor
diante da face de Deus”
(Hebreus 9:12, 24)

“O resultado da expiação é nossa redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados"
(Efésios 1:7)

“Onde há remissão de pecados, "já não há oferta pelo pecado"
(Hebreus 10:18)

“porque Cristo é a propiciação pelos nossos pecados, o meio pelo qual Deus se reconcilia ao homem pecador”
(1 João 2:2)


A palavra Propiciar significa aplacar. A morte substitutiva de Cristo, em nosso lugar, aplacou a ira de Deus que viria sobre nós, e nos deu a oportunidade de sermos chamados Seus filhos. Essa foi a maior prova de amor que Deus poderia ter nos dado à humanidade, pois entregou o seu primogênito, permitiu que este se esvaziasse de sua plenitude divina, se faz carne, habitou entre os homens para ser lançado no matadouro por livre e espontânea vontade, para que tivéssemos vida eterna. 

"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna."  
(João 3 : 16)


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pesquisar este blog