SUICÍDIO

Para vários pensadores, como Goethe, Kant, Sartre e Russeau, o suicídio possui definições que se complementam e se contradizem, uma vez que o ato, em si, é visto pelo suicida como uma maneira de acabar com a dor, a angústia e o sofrimento que é vivenciado, e não por um fim à própria vida. Também pode ter a intenção de causar remorso àquele que o fez sofrer. O desejo de não sentir mais sensações ruins torna-se tão intenso que ele é capaz de ficar cego diante das reais consequências ou "efeitos colaterais" do ato. Podemos dizer que este conceito está correto, porém, não está completo; é possível lançar mais uma luz sobre o assunto quando conhecemos a Palavra de Deus e é isso que iremos fazer neste estudo.

A certeza natural da existência de Deus, mesmo que nosso "eu" não admita, é manifestada por uma sensação de vazio, uma lacuna a ser preenchida em nós.

Geralmente os suicidas deixam algum documento de despedida. A maioria tenta justificar a decisão tomada e ao fazer isso, dizem sentir um vazio no peito, uma tristeza profunda ou mostram um desejo de ser feliz.

Logo nos primeiros capítulos do livro de Romanos podemos entender que Deus se manifestou à humanidade pela própria criação. A perfeição da natureza - a distância milimetricamente perfeita do sol e da lua, em relação a Terra; o ciclo da vida dos animais e vegetais; a renovação dos recursos naturais; a beleza que envolve toda a criação - enfim, a criação, em si, revela a existência de Deus e o seu poder. Por mais que os céticos se desdobrem para convencer o mundo que tudo existe por um mero acaso, mediante teorias infundadas e filosofias vãs, enfeitadas com lindas palavras científicas, mas sem nenhuma comprovação real, interiormente, todo ser humano sabe que o "acaso" não seria tão perfeito. É impossível que o tal "acaso", que depende de forças e energias que, digam-se de passagem, eles não podem explicar a real origem, tenha a intensidade e a oportunidade tão perfeitas para fazerem surgir um ambiente ideal para a vida.

O vazio insiste em nos incomodar até que decidamos receber essa verdade patente, e, assim, nos voltarmos para Deus. O problema do sofrimento do homem só nasce quando resistimos à Verdade, impedindo que a necessidade humana seja suprida com o conhecimento e a presença de Deus. Alguns tentam encontrar a solução em filosofias ou religiões repletas de rituais, mas que nada tem a ver com Deus. Outros, infelizmente, buscam o preenchimento dessa lacuna, que só Deus pode satisfazer, em coisas humanas, como os prazeres que o mundo pode oferecer: o dinheiro, o poder, o sexo e o afeto.

Por que o sofrimento parece nos perseguir?

É inevitável que a busca dos prazeres que o mundo pode oferecer leve alguém à frustração. Vejamos algumas delas:

- Sensação de solidão em meio a multidão;
- A perda do emprego;

- A dificuldade de se alcançar a posição desejada no trabalho ou na sociedade;

- O fim de um relacionamento, seja namoro, noivado, casamento;

- Morte de alguém especial: pai, mãe, filho, irmão, namorado, esposo, etc;

- Desentendimentos familiares;

- Rejeição;

- Sentir-se sobrecarregado ou pressionado;

- Violência doméstica;

- Gravidez não planejada;

- Separação dos pais;

- Desejo de ter um pai ou um mãe mais carinhoso(a) ou mais atencioso(a);

- Viver em desarmonia com alguém dentro de uma mesma casa;

- Sofrer humilhação de pessoas que você ama (seja ouvir uma palavra que fere por tocar em alguma fragilidade que você está passando, seja ouvir crítica/repreensão de algo que está tentando insistentemente fazer mais não consegue;

- Sensação de que alguém que não merecia é mais feliz do que você;

- Sofrer traição;

- Sensação de estar em um caminho sem volta e não querer estar nessa situação;

- Fazer algo que você não queria fazer, mas que por fraqueza emocional ou influência de alguém, acabou se deixando levar e nesse momento está te incomodando, mas aparentemente não pode voltar atrás, ou, se fizer isso, terá que enfrentar outras consequências indesejáveis;

- Doença.

Está lista não acaba. Existem milhões de motivos para uma pessoa se sentir infeliz neste mundo. E quando existe um fator que leva a outro, a coisa pode ficar ainda mais complicada e aparentemente sem solução. É por esse motivo que precisamos mudar o foco da nossa vida.

Por que queremos sempre mais e mais?

Mesmo que o homem consiga realizar muitos desejos, eles só trarão uma sensação momentânea de satisfação. Mesmo que alcance a riqueza almejada ou sinta-se importante para a sociedade; mesmo que seja bem casado e tenha uma família linda; mesmo que tenha um emprego invejado por muitos, nada disso o fará sentir-se pleno. Em algum momento ele vai querer mais dinheiro, mais poder, vai se atrair por outra pessoa, vai se divorciar e casar-se novamente, vai sempre desejar coisas novas. O resultado de todas as tentativas sempre será a frustração, uma vez que não serão as conquistas terrenas que suprirão a carência espiritual. É preciso mudar o foco e olhar para cima; pedir que Deus entre na nossa vida, receber o que Ele fez por nós, se esvaziando de sua plenitude, se fazendo homem, habitando entre nós e morrendo no nosso lugar para que tivéssemos vida, e vida em abundância (Jo 10.10).

O homem foi criado a imagem e semelhança de Deus. Ele é de Deus e quer voltar para Deus em sua essência. A comunhão com o ser superior é fundamental para a satisfação espiritual, já que esta nunca será preenchida por qualquer outra forma. Assim como o corpo precisa de alimento para ficar em pé, nosso espírito também precisa se alimentar e esse alimento é o conhecimento de Deus e consequentemente a proximidade dele em nossas vidas. Jesus nos ensina que devemos buscar primeiramente o Reino de Deus e as demais coisas nos serão acrescentadas (Mt 6.33). Ele conhece as nossas necessidades e o desejo de nosso coração (Sl 21:2) e sendo nosso Pai, nunca nos deixará passar necessidade (Sl 37:25). Os que confiam no Senhor nunca serão confundidos (Sl 25:3) e terão seus passos direcionados por Ele (Sl 23:3-4; Pv 16.9), e sua proteção (Sl 91). Tudo que tocarmos prosperará (Sl 1.3). Com Ele, nada nos faltará (Sl 23.1).

Sem Deus não há esperança. Os conflitos mentais podem ser perturbadores e vão incomodar até levar a pessoa a só visualizar uma saída: a morte. Porém, quando o foco não está nos bens materiais e emocionais que existem nesse planeta, poderemos lutar por eles com mais paciência, perseverança, segurança e esperança. O amor é o sentimento mais importante neste mundo e no vindouro. Por isso, não guardemos sentimentos ruins, mas deixemos o amor perseverar no nosso coração. O que precisamos para viver bem será conquistado em seu tempo. Temos que ter a consciência que não precisamos ter o que o outro tem, mas precisamos saber viver com o que temos no momento. Sempre agradecidos, colocando diante dele todas as nossas petições (Fp 4.6), confiantes que Ele nos ouve e descansando nossa mente e coração em Deus (Fp 4.7), sabendo que Ele é fiel e justo para nos perdoar (1Jo 1.9) e nos ajudar. Cada momento é único e não nos preocupemos com o dia de amanhã, pois basta a cada dia o seu mal (Mt 6.34). A manhã virá, e a tempestade vai passar, mas nossa esperança deve estar naquele que nos criou (Sl 39:7; Sl 62:5). O esforço nunca será em vão, mas a paciência é amiga do vencedor.