TEOLOGIA UNIVERSALISTA CRISTÃ

 A distorção que devolve muitos ao cativeiro






Quem já não ouviu falar que a salvação é universal? Jesus pagou os pecados de toda a humanidade, e não há mais nada que precisemos fazer para que sejamos salvos. Essa afirmação seria verdade? 

Ante aos vários ensinos existentes na internet, filmes de Netflix, que podem impactar a vida cristã e acabar levando o crente a um caminho sem volta, é importante discernir se uma doutrina é ou não bíblica, para que não sejamos, sequer, maleáveis, ou simpatizantes com nenhuma doutrina distorcida. É preciso conhecer para amadurecer e permanecer firmado na verdade.

A teoria da salvação universal vem do "Universalismo" - filosofia que defende a ideia de que a reconciliação entre a humanidade e o divino é universal. Ela pode ser detectada em várias religiões, inclusive as não-cristãs. No cristianismo existe a Teologia Universalista Cristã, que possui diversas vertentes, mas vamos nos ater a certos pontos que acabaram influenciando muitas denominações. A doutrina do Universalismo entrou na igreja na época de Clemente de Alexandria e seu discípulo Orígenes, influenciados por pensamentos gnósticos. A doutrina do purgatório nasceu como fruto desse ensinamento. 

Então, precisamos nos perguntar: Jesus se sacrificou por toda a humanidade? Sim, essa é uma verdade maravilhosa! Mas essa é toda a verdade? Não. Existem mais verdades que geram condições e a complementam. Precisamos lembrar do que Jesus disse. Ele está à porta e bate! Diante disso, é necessário abrir a porta. A Palavra do Senhor nos ensina que, apesar do dom da salvação ser imerecido, ou seja, por meio da graça, existem algumas condições para que, realmente, sejamos alcançados por ela.

O grande risco de contaminação do Evangelho com a filosofia do universalismo se dá porque, a princípio, parece uma doutrina bíblica, se lermos trechos isolados. Paulo, em sua Epístola aos Romanos, mostra que, sim, a salvação foi dada a toda a humanidade, mas as condições para acessar essa graça estão espalhadas em todo o Novo Testamento. Vejamos:


Salvação para Todos os Homens:


Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa. Porque, se pela ofensa de um morreram muitos, muito mais a graça de Deus, e o dom pela graça, que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos. E não foi assim o dom como a ofensa, por um só que pecou. Porque o juízo veio de uma só ofensa, na verdade, para condenação, mas o dom gratuito veio de muitas ofensas para justificação. Porque, se pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo. Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida.

Romanos 5:15-18


A primeira Epístola aos Coríntios também elucida essa passagem:

 

"Pois como em Adão TODOS morrem, assim também em Cristo TODOS serão vivificados."

I Coríntios 15:22 

 

Essa passagem isolada parece revelar que a salvação abrange a todos os homens. Mas quando se lê o Capítulo 5 inteiro de Romanos, entendemos que Paulo fala da salvação de maneira genérica, mas não deixa de falar da "morte". É preciso morrer em Cristo. Se arrepender. Ou seja, existem condições para estar debaixo da graça.

É certo que todos os seres humanos receberam a Salvação por meio do sacrifício vicário de Jesus Cristo, pelo qual todos foram reconciliadas com Deus. Porém, também é certo que nem todos tomam posse dessa reconciliação, porque não atenderam ao chamado para a salvação, em virtude do livre arbítrio. Apesar de Jesus ter se sacrificado em prol de todas as pessoas do mundo, somente aqueles que beberem do seu sangue e comerem da sua carne, ou seja, aqueles que creram em Jesus, se arrependeram de seus maus caminhos e seguiram os Seus passos, obedecendo aos Seus mandamentos, são os que têm parte com Ele. Essa verdade se baseia em várias passagens bíblicas, podemos citar algumas delas:


Salvação para Todos os Homens que decidiram abrir a porta para Jesus entrar: 


“Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”.

(João 1:11-13)

 

Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus

(João 3:16-18)

 

“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele. Disse-lhe Judas (não o Iscariotes): Senhor, de onde vem que te hás de manifestar a nós, e não ao mundo? Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada”.

João 14:21-23 

 

Outra doutrina da Teologia Universalista é a crença de um inferno temporário. Para eles, um inferno eterno seria injusto e contra a natureza dos atributos divinos, como o amor. Então, com uma doutrina que defende que não há condenação eterna, abriu-se margem para, a partir do Século XX, surgirem denominações cristãs que não se atém a pregar a santidade aos seus membros. A não existência de uma condenação eterna estimula as pessoas a viver uma vida mundana, manchada pelo pecado.


A doutrina Universalista se embasa no grande amor de Deus, mas o conceito desse amor não é bíblico, pois é permissivo com o pecado. Vejamos o que a Bíblia diz sobre o amor de Deus:


“E agora, senhora, rogo-te, não como escrevendo-te um novo mandamento, mas aquele mesmo que desde o princípio tivemos: que nos amemos uns aos outros.

E o amor é este: que andemos segundo os seus mandamentos. Este é o mandamento, como já desde o princípio ouvistes, que andeis nele. Porque já muitos enganadores entraram no mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Este tal é o enganador e o anticristo.

Olhai por vós mesmos, para que não percamos o que temos ganhado, antes recebamos o inteiro galardão. Todo aquele que prevarica, e não persevera na doutrina de Cristo, não tem a Deus. Quem persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto ao Pai como ao Filho. Se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis. Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras.

2 João 1:5-12

 

Essa passagem bíblica deveria estar estampada em todos os lugares para nos lembrar de que aquele que não persevera na doutrina de Cristo, nos mandados de Deus, não tem parte com Ele. O amor de Deus é, sim, maravilhoso, insondável, constrangedor, e, por isso, Ele nos deu o Seu Filho para que nós, pecadores, não precisássemos sofrer a condenação da morte eterna (leia o estudo sobre expiação). Éramos nós que deveríamos ter padecido. Mas Deus, em sua infinita misericórdia, sabendo que apenas a nossa morte não nos daria a vitória sobre a condenação/morte eterna, entregou Seu Filho, que nunca pecou, para que, por vontade própria, derramasse o Seu sangue imaculado para a remissão dos pecados, dando a todos os que o receberem a restauração da comunhão com o Pai, e a vida eterna, por meio de Sua ressurreição, para que saiamos da morte para a vida.


Mas precisamos entender que tomar posse do perdão requer seguir os passos daquele que venceu o pecado. Requerer arrependimento. Inclusive, o ensinamento bíblico sobre o que deve ser feito com essas pessoas que se dizem cristãs e não se comportam como cristãs, é a separação do corpo de Cristo, ou seja, a separação da Igreja. Como diz o Apóstolo Paulo, “Seja, este tal, entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus” (I Co 5:5). Não devemos confundir com o isolamento do crente com as pessoas do mundo, pois os que não conhecem a Jesus precisam ser iluminados com a luz que deve emanar do cristão.


 

Já por carta vos tenho escrito, que não vos associeis com os que se prostituem; Isto não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo. Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais. Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro? Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai pois dentre vós a esse iníquo.

1 Coríntios 5:9-13

 

Antes, porém, de tomar uma decisão tão drástica, é necessário repreender o irmão para que se arrependa. Vejamos as palavras de Jesus:


Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão; Mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada. E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu. 

Mateus 18:15-18


O cristão deverá viver em novidade de vida, em santidade. Claro que, se errar, temos um advogado junto ao Pai, e poderá se converter, mas precisa se esforçar para amadurecer e ser purificado pela Palavra, que é lâmpada para nossos pés. Permanecer no pecado e achar que pode pedir perdão pelo mesmo erro eternamente, voltando a praticar as mesmas tolices, incessantemente, não é atitude de uma pessoa que renasceu em Cristo.


Por que Jesus alerta que a pessoa que não se arrepende deva ser retirada da Igreja? A própria Bíblia nos ensina. Há um contínuo alerta em ambos os testamentos sobre o pecado. O fermento que contamina e leveda todo o pão. Basta um pouco, e a massa será transformada. Basta um pouco de pecado, e toda a Igreja estará achando que tudo é permitido.


Santidade é requerida em toda a Bíblia. Passagens do Antigo Testamento, a exemplo de Levítico 19:2 – “Diga o seguinte a toda comunidade de Israel: Sejam santos porque eu, o Senhor, o Deus de Vocês, sou santo”, e do Novo Testamento, em incontáveis livros e versículos, inclusive em 1 Pe 1:16, que traz à tona esse mesmo versículo de Levítico, mostram que  Deus não mudou. Imutável é o Senhor! O Escritor do Livro aos Hebreus nos alerta com tanta intrepidez: “Esforcem-se para viver em paz com todos e para serem santos; sem santidade ninguém verá o Senhor” (Hb 12:14). Se Jesus, que é santo, nos deu o livre acesso ao Pai, que é santo, também requer que sejamos santos.


Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.

(Mateus 7:21)

 

Jesus respondeu-lhe: “Se alguém me ama, obedecerá à minha Palavra; e meu Pai o amará, e nós viremos até ele e faremos nele nosso lar.

João 14:23

 

Se obedecerdes aos meus mandamentos, permanecereis no meu amor, exatamente como Eu tenho obedecido às ordens do meu Pai e permaneço em seu amor.

João 15:10

 

Seja, este tal, entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus. Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade. Mas qualquer que guarda a sua palavra, o amor de Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado; nisto conhecemos que estamos nele. Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou.

1 João 2:4-6

 

Porquanto, nisto consiste o amor a Deus: em que pratiquemos os seus mandamentos. E os seus mandamentos não são penosos.

1 João 5:3

 

Irmãos, deixo esse breve estudo, mas gostaria de comentar como o Espírito me tocou a soprar a trombeta sobre o assunto. Depois de um dia cansado de trabalho, sexta-feira, a fim de distrair minha mente, busquei um filme cristão para ver, no Netflix, como o “Quarto de Guerra”, que é um filme amável. Mas me deparei com “O Caminho da Fé”, pensando ser um filme edificante. É um filme baseado em fatos reais que trata da “conversão” de um pastor, originalmente tradicional, a essa Teologia tenebrosa da Salvação Universal. Um filme que, está alcançando milhares de telespectadores levando-os, pelo carisma, a aceitar essa distorção bíblica como verdade. Aquele que não tem conhecimento mais profundo da Bíblia, ou novo convertido, será enganado e, muito possivelmente, será “blindado” para que não receba uma pregação legítima do Evangelho. Oremos pela Igreja e por aqueles que ainda não receberam Jesus em seus corações, para que não absorvam tal ensinamento equivocado em sua vida. Amém.

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