LEIS ESPIRITUAIS

 





 

Não é nada fácil absorver da Bíblia as Leis Espirituais. Isso acontece porque, muitas vezes, são confundidas com as verdades eternas nela contidas, já que elas são, também, verdades eternas. Neste estudo iremos meditar sobre esse maravilhoso assunto que irá fazer você, leitor, se aproximar muito mais do Criador e ser edificado espiritualmente, já que entenderá coisas que afetam o mundo físico e espiritual. Sabemos que, quanto mais nos aprofundamos no conhecimento bíblico, mais conhecemos a Deus e a nós mesmos e isso nos ajuda a entender o quanto Deus é infinitamente maior e o quanto dependemos dele.

 

Mas, afinal, o que são as Leis Espirituais? Em simples palavras, são regras criadas por Deus que estruturam o universo; em sua infinita sabedoria as implementou a fim de que, nem Ele próprio, as infringisse. Talvez você esteja espantado com o que disse agora, já que Deus é onipotente, mas quando digo “nem Ele próprio”, não quer dizer que Deus não tenha esse poder, mas ele não o faz por ser justo. Um juiz justo cumpre as leis.

 

Assim como as leis da física foram criadas para o universo físico, a exemplo das leis da inércia, da gravidade, da ação e reação, termodinâmicas, etc., as leis espirituais foram criadas para o universo espiritual. Há uma verdade diretamente relacionada a essas leis espirituais que precisa ser dita e entendida: muitas coisas que são feitas no mundo físico, interferem diretamente no mundo espiritual e vice-versa. Por isso é tão importante conhece-las. Muitas vezes não conseguimos explicar certos acontecimentos e apenas, pela fé, aceitamos e dizemos para nós mesmos: “é a vontade de Deus!”; “só Deus sabe o motivo!”, entre outras frases que dizemos a nós mesmos, para nos fortalecer, ou fortalecermos a alguém que amamos. No entanto, ao conhecermos como funcionam as leis espirituais é possível evitar certas situações no mundo físico, e, caso já tenham ocorrido por reação a uma transgressão de uma lei espiritual, poderemos aprender com os nossos erros.

 

Ainda que no princípio não existisse a Lei de Moisés, Deus não muda e sobre ele não há nenhuma sobra variação (Tg 1:17). É possível entender que, desde o Jardim do Éden, as leis espirituais sempre vigoraram e ao haver obediência ou transgressão, geraram bênçãos ou maldições. Os mandamentos vieram para direcionar o homem, ao mesmo tempo em que vieram para cientificá-lo do pecado. A inclinação ao bem gera bênção; a inclinação ao mal, maldição. Ou seja, estamos sujeitos a receber as reações de nossas escolhas.

 

Você deve estar se perguntando “Deus nos amaldiçoa?” Eu preciso te responder que sim. Mas Ele também nos deu a cura para isso, desde o princípio dos tempos. Apesar de tanto a bênção quanto a maldição serem provenientes Dele, estamos diante do bem e o mal e somos nós que escolhemos de que lado ficar.

 

Vejamos algumas leis, mas não nos ateremos a todas elas, pois elas se entrelaçam, e muitas vezes, se auto explicam:

 

Lei do Livre Arbítrio

O que significa o livre arbítrio? É a liberdade que o ser humano tem de tomar decisões de acordo com a sua própria vontade. Não se trata de liberdade de ir e vir, ainda que algumas vezes essas ações possam estar inseridas no conjunto espiritual, mas trata-se, especificamente, de boas e más escolhas. Um presidiário, por exemplo, tem o seu direito de ir e vir interrompido, mas pode decidir fazer o bem em diversas ocasiões na penitenciária.

 

Biblicamente, sabemos que houve um homem, Adão, que utilizou o seu livre arbítrio de forma errada, gerando a maldição sobre toda a humanidade. Caso queira se aprofundar nesse assunto, leia o estudo: O PECADO. Mas qual o motivo de a maldição não ter caído apenas sobre Adão? Simplesmente porque as Leis Espirituais são universais sendo impossível que atinjam um único indivíduo, mas as consequências se estendem para a sua posteridade.

 

Vemos isso acontecer por diversas vezes na bíblia, não só no caso de Adão. Quem não se lembra do pecado de Acâ, em Josué 7? A ordem de Deus era que todos os objetos daquela cidade deveriam ser destruídos. Uma ordem diferente, já que muitas vezes Deus permitia que Israel ficasse com os despojos de guerra. Mas Acã achou que não faria mal se apossar de alguns objetos e, depois disso, a ira do Senhor acabou caindo contra todo o povo. A guerra contra a cidade de Ai não foi vitoriosa, tendo Israel perdido trinta e seis homens de guerra, por causa da desobediência de apenas um homem. E quando Josué se prostrou diante da Arca do Senhor, onde permanecia a presença de Deus, a resposta foi simples: enquanto Israel não destruísse os “objetos consagrados” que juntou aos seus bens, Deus não poderia mais ajuda-los (Js 7:11-12). Eis a resposta porque não poderiam ficar com nenhum objeto como despojo de guerra: Eram consagrados a outros Deuses. Precisamos entender que, para toda ordenança, existe um motivo. Mas isso ainda se dá no Novo Testamento? Veremos mais a frente que sim.


No novo testamento há algo muito importante para ser elucidado neste estudo:


Examine, pois, cada um a si próprio, e dessa maneira coma do pão e beba do cálice. Pois quem come e bebe sem ter consciência do corpo do Senhor, come e bebe para sua própria condenação. Por essa razão, há entre vós muitos fracos e doentes e vários que já dormem. 

Coríntios 1:28-30


É preciso que os membros da Igreja do Senhor reflitam sobre essa passagem. Antes de tomar a Ceia do Senhor é necessário examinar a si próprio, reconhecer os seus pecados, se arrepender e, só então participar da Ceia com os irmãos. Além de reconhecer o sacrifício de Cristo, esse momento simboliza também a união, a comunhão entre nós e o Senhor. Simboliza, além do seu sangue derramado, que todos devemos ser um. E se apenas um de nós estiver em pecado, isso contamina todo o Corpo de Cristo. por esse motivo Paulo nos alerta que entre nós há muitos fracos e doentes, e muitos que "dormem" por não saber discernir tão importante doutrina que Jesus nos ensinou.


Lei da Justiça Espiritual

É um tipo de lei de Ação e Reação Espiritual. Para entender melhor, vamos ao Livro de Êxodo, Capítulo 20:5b-6: “porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam. E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos”.

 

"Prestem atenção! Hoje estou pondo diante de vocês a bênção e a maldição. Vocês terão bênção se obedecerem aos mandamentos do Senhor, o seu Deus, que hoje estou dando a vocês; mas terão maldição se desobedecerem aos mandamentos do Senhor, o seu Deus, e se afastarem do caminho que hoje ordeno a vocês, para seguir deuses desconhecidos.”

Dt 11:26-28

 

Podemos dizer que essa passagem nos mostra que Deus amaldiçoa os que transgridem a lei, e abençoa os que a cumprem. Como lido, essas consequências não estarão somente sobre a pessoa que o faz, mas a sua descendência. Ou, como vemos o caso de Acã, sobre toda a nação, ou ainda, no caso de Adão, sobre toda a humanidade. Há diversos exemplos na Bíblia. Talvez Deus queira frisar a importância de nos atentarmos para essa verdade.

 

Ao escolher Abrão, Deus lhe deu diversas promessas e todas elas eram de bênçãos. Mas algo mudou após o pecado de Abraão no Egito. Ao mentir a faraó que Sarai era apenas a sua irmã, omitindo que era a sua esposa, fazendo com que Faraó pecasse, podemos ver Deus dizer algo que não era só bênção. Apesar de, aparentemente, não estar ligado ao pecado de Abraão, esta maldição só foi informada depois desse pecado. Israel ficaria em cativeiro de 400 anos. Onde? No mesmo lugar onde Abraão pecou: no Egito. Coincidência? Nada que nos é ensinado é coincidência! Tudo está correlacionado.

 

“Então disse a Abrão: Sabes, de certo, que peregrina será a tua descendência em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos”.

Genesis 15:13

 

Ainda que Abraão tenha sacrificado animais pelos seus pecados, sacrifícios que simbolizavam a expiação de Jesus, a maldição refletida por causa do pecado não deixará de ser cumprida. Uma coisa é o perdão de Deus; outra é a consequência do pecado que não deixará de acontecer.

 

Vemos, também, em II Samuel 11, que o adultério e assassinato de Urias geraram consequências para Davi e as futuras gerações. Ainda que Davi tenha se arrependido, relatado em no capítulo 12:13-14: “Então Davi disse a Natã: — Pequei contra o Senhor . E Natã respondeu: — Também o Senhor perdoou o seu pecado; você não morrerá. Mas, porque com isto você deu motivo a que os inimigos do Senhor blasfemassem, também o filho que lhe nasceu morrerá.” Já refletiram sobre quem eram esses de quem Deus estava falando, já que ninguém sabia desse pecado? O pecado trouxe as maldições, e estas são cobradas pelos inimigos de Deus. Agora vamos ao Novo Testamento encontrar mensagens que nos alertam sobre as maldições. Em 1 Pe 5:8 nos é revelado que o diabo, nosso adversário, está ao nosso derredor esperando uma brecha para que possa entrar e nos destruir. Essas brechas são as portas que abrimos com os nossos pecados não confessados. Alerto em negrito para elucidar que é exatamente disse que se refere o Senhor a Davi. Satanás cobra de Deus as consequências dos pecados. Por isso, além da morte de seu filho, o capítulo traz diversas outras consequências que sobreviriam sobre Davi com o passar dos anos. Porém, apesar das consequências, Deus o perdoou, e Davi chegou a ser chamado de homem segundo o coração de Deus (Atos 13:22). Ele engradecia o nome do Senhor e lhe dava tantas honrarias, que nos deixou a herança de diversos Salmos maravilhosos. Vemos, também, em diversas passagens que Deus suportou os pecados de Israel por diversas gerações, nunca a destruiu por completo, deixando claro que foi por amor a Davi, seu servo. Assim como exemplificava as suas boas atitudes: “para fazerem o que é reto aos meus olhos, a saber, os meus estatutos e os meus juízos, como Davi, seu pai” (1 Reis 11:33-34), entre outros.

 

Sim, nós abrimos portas para a entrada de bênçãos e maldições em nossa vida, e consequentemente, na vida de nossos descendentes, de uma nação. Mas existe uma maravilhosa notícia, profetizada no Antigo Testamento e cumprida no Novo Testamento:

 

“Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor; E ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha, e fira a terra com maldição.”

Malaquias 4:5-6

 

“Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.”

Isaías 53:4-5

 

O que seria “enviarei o profeta Elias”? Certamente não se trata da reencarnação de Elias, mas trata-se do Espírito Santo que agiu em Elias, confrontando Israel a reconhecer os seus pecados, agiria da mesma forma em João, confrontando Israel a reconhecer os seus pecados e ser batizado. Ele abriu as portas para o sacrifício do cordeiro perfeito, que tirou o pecado do mundo, se tornando maldição para que não fôssemos mais amaldiçoados. Na Cruz do Calvário Jesus conquistou para a humanidade a cura de doenças, o perdão de pecados e a substituição das maldições em bênçãos.

 

“Cristo nos redimiu da maldição da Lei quando se tornou maldição em nosso lugar, pois está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado num madeiro.

 Isso para que em Cristo Jesus a bênção de Abraão chegasse também aos gentios, para que recebêssemos a promessa do Espírito mediante a fé.”

Gálatas 3:13-14

 

Mas precisamos entender que a vitória existe, mas não é automática. Jesus morreu para salvar a humanidade, mas só serão salvos os que se arrependerem e seguirem os seus passos; o Messias levou sobre si as nossas enfermidades e sobre as suas pisaduras fomos sarados, mas precisamos pedir a Ele a cura, orar uns pelos outros para sermos curados (pode acontecer, ainda, como o espinho de Paulo, que uma ou outra enfermidade tenha um propósito maior, e ele não a cure); as maldições podem ser transformadas em bênçãos, mas precisamos pedir perdão pelos pecados presentes e geracionais, assim como fez Neemias (Neemias 1:16), Jeremias (Jeremias 14:20), etc.. Uma oração é suficiente para quebrar esse elo de pecados que seguem os descendentes. Não é necessário fazer campanha, nem rituais, etc. basta orar em nome de Jesus, que se fez maldição por você.

 

Lei da Herança

Como você pode ver, essa Lei já foi comentada acima. Como estão interligadas, não há como falar de uma sem mencionar outra. Na verdade, com as palavras ditas até aqui, falamos de todas as leis espirituais, inclusive a Lei do Amor, tendo João 3:16 como âncora dessa verdade: "Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna". A Lei da Herança também engloba as bênçãos e as maldições. Ainda que muitos teólogos resistam em acreditar que existam essas maldições hereditárias ou legados espirituais, inclusive levantando a Lei da Responsabilidade com o versículo de Ezequiel 18:20: “A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele.”,  não se pode esquecer das consequências do pecado. Existem diversos outros versículos citados neste estudo, e outros não citados, bem como fatos narrados nas Escrituras que podemos enxergar a ocorrência da herança. Contrariando a muitos teólogos, ela existe e está funcionando a todo valor no mundo, a não ser sobre aqueles que foram remidos pelo sangue do cordeiro, caso tenha confessado o seu pecado, e dos seus antepassados. Devemos estar alertas que, de acordo com a hermenêutica protestante, não se pode fazer doutrina com um só versículo, ou seja, deve-se considerar o contexto, bem como tudo o que as Escrituras falam sobre o assunto, a fim de elucidar o que está obscuro. Se não houver outra passagem que possa elucidar, esse único versículo não deve servir de doutrina.

 

Sabemos, no entanto, que no Novo Testamento não há menção a qualquer fato sobre legado espiritual, simplesmente, porque todos aqueles que receberam Jesus Cristo como senhor e salvador de suas vidas, se tornaram novos homens, isso quer dizer que se arrependeram de seus pecados e seguem um novo caminho. Suas maldições estão quebradas. O povo de Israel sempre teve o costume de orar uns pelos outros, de pedir perdão pelo pecado de sua família, de sua nação e de seus antepassados. Vemos isso em Jó, Reis, Samuel, Salmos, na verdade quase todos os livros tem um servo do Senhor pedindo perdão ou fazendo sacrifícios pelos pecados de seus filhos, ou de sua nação. Isso é comum para a cultura de Israel. Talvez por isso não houvesse a necessidade de frisar esse assunto, já que a sua cultura já englobava o ato de oração uns pelos outros e pelos seus familiares e nação. Vamos trazer essa cultura para nossas vidas, pois assim nos foi ensinado. Não oremos apenas por nós mesmos. Não foi assim que Cristo nos ensinou.

 

Apesar de muitos teólogos acreditarem que a maldição hereditária só existiu no antigo testamento, não existe qualquer motivo para resistirmos a orar neste sentido, logo que nos convertemos. Continuar a orar por nossos familiares, e o nosso futuro, tenho certeza que continuaremos. Orar para romper possíveis maldições do passado não fará nenhum mal, mas bem, então, ore. Faça como Neemias e tantos outros servos do altíssimo. Oremos por nós, pelos nossos filhos, pela nossa família, pela igreja, pelos nossos governantes, pelo perdão dos pecados de nossa nação, pela quebra das maldições geradas pelos pecados de nossos antepassados, pelo arrependimento de nossos amigos, familiares, igreja, nação...

 

“No dia vinte e quatro desse sétimo mês, o povo de Israel se reuniu para jejuar a fim de mostrar a sua tristeza pelos seus pecados. Eles já haviam se separado de todos os estrangeiros. Em sinal de tristeza, vestiram roupas feitas de pano grosseiro e puseram terra na cabeça.

Então se levantaram e começaram a confessar os pecados que eles e os seus antepassados haviam cometido. Durante mais ou menos três horas, a Lei do Senhor, seu Deus, foi lida para eles. E nas três horas seguintes eles confessaram os seus pecados e adoraram o Senhor.”

Neemias 9:1-3

 

“Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados. A oração de um justo é poderosa e eficaz.”

Tiago 5:16

 

 “Tu usas de misericórdia até mil gerações, mas retribuis o pecado dos pais nos filhos. Tu és o grande e poderoso Deus, cujo nome é Yahweh dos Exércitos. Teus propósitos são altíssimos e tuas realizações, poderosas. Teus olhos observam todo o comportamento dos seres humanos, a fim de retribuíres a cada pessoa segundo a sua atitude, segundo merecem os seus atos.”

Jeremias 32:18-19

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