TEOLOGIA DA PROSPERIDADE


Nos dias de hoje, ser cristão virou sinônimo de alto status. O que mais se ouve é que aceitar a Jesus Cristo como salvador é uma chave para a prosperidade e plenitude de vida. São vários os chamarizes: “Deus é o dono do ouro e da prata, e não do latão”; “Deus te fez para ser cabeça, não rabo”, entre vários outros chavões que acabam desfigurando a verdade bíblica e o verdadeiro chamado de Deus na vida do cristão.

É verdade que Deus protege aquele que nele confia. É verdade, também, que ele é o Deus da provisão e da paz. Suas promessas de plenitude são verdadeiras e maravilhosas. São diversas passagens bíblicas que nos dão a certeza que Ele sabe o que precisamos e nos ajuda. Porém, mesmo diante de suas maravilhosas promessas, precisamos lembrar que tudo há um tempo determinado. Se torna muito perigoso quando começamos a inverter os valores; quando deixamos de entender que somos servos de Deus, e não que devemos ser servidos por ele.

Infelizmente existem pessoas que ensinam nas igrejas que o cristão deve “determinar”, “exigir” certas bênçãos. Parece até que é obrigação de Deus servir a seus filhos. O cristão deve ter cuidado com essa visão errônea, pois é uma deturpação da Palavra de Deus; uma afronta ao Ser merecedor de toda honra e toda Glória.

Alguns ousam utilizar passagens como “somos mais que vencedores”; “tudo posso naquele que me fortalece” -  para elucidar a doutrina da prosperidade. Porém, as pessoas se esquecem de dar atenção ao contexto
em que essas frases foram ditas. As citadas acima, foram marcadas por perseguições e dores. A Igreja do Senhor Jesus estava passando por um momento muito difícil e as palavras de Paulo são uma atitude de fé em Deus e certeza de que, em breve, estaria ao seu lado. Sabia que todo aquele sofrimento era apenas provisório e que a sua vida seria preservada até que ele cumprisse o seu chamado de levar o Evangelho a todos àqueles que fosse destinado a levar. Esse era o objetivo e é essa a verdade que devemos entender. Deus nos protegerá, nos guiará e nos proverá tudo que necessitamos para cumprirmos aquilo que fomos chamados a fazer. Porém, temos como obrigação servi-lo e isso não implica em facilidade e nem boa vida! Precisamos descobrir nosso chamado e nos disponibilizarmos a ser ferramentas em suas mãos para levar a verdade pura ao mundo; precisamos ser voluntários em servir aos nossos irmãos pois é assim que estaremos servindo a Deus. Foi para isso que fomos chamados; não para desfrutarmos de uma vida inútil e cheia de prazeres, “determinando” prosperidade e esperando cair do céu somente coisas boas, achando que é obrigação de Deus nos dar somente o que é bom.

Qual é o perigo de ensinar a doutrina da prosperidade?

A manipulação de passagens bíblicas para apoiar doutrinas demoníacas (I Tm 4:1; II Tm 4:3) resulta na deterioração da fé, a aversão ao Evangelho e a falta de confiança em Deus. O cristão deve ser alimentado com a verdade para se fortalecer e não esperar pela sobrenatural perfeição de vida, que nunca alcançará na Terra. Não é porque entregou a sua vida a Cristo, que todos os seus problemas irão acabar. Jesus disse: “Tenho-vos dito para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, pois eu venci o mundo” Jo 16:33. O cristão não estará livre de passar por perseguições, sofrimentos ou injustiças; também não estará livre de enfrentar dificuldades financeiras ou falta de saúde. A diferença é que, em todas essas coisas, não estamos sozinho e, assim, o peso é menor. A esperança redentora nos anima, pois aqui, neste planeta, somos apenas peregrinos (Hb 11:13). Quando chegar a hora certa, Deus enxugará dos olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, pois tudo isso passará (Ap 21:4). Porém, é preciso persistir na fé para recebermos nosso galardão (Mt 24:13; II Jo 1:8), que será do tamanho da nossa entrega a Deus, e do nosso trabalho para a propagação do Evangelho puro e cristalino.

Não podemos deixar de ensinar que certas situações são necessárias para o amadurecimento e mudança de caráter do cristão. Outras situações, que muitas vezes não são fáceis de aceitar em um primeiro momento, são essenciais para que cumpramos determinada missão, pois somos ferramentas de Deus e precisamos ter em mente que nossa vida tem um propósito muito maior do que nós mesmos, ou do que a nossa própria felicidade terrena. Podemos destacar o exemplo da vida de Paulo. Ele foi para a prisão por diversas vezes e foi graças a impossibilidade de se locomover que, hoje, podemos usufruir de suas cartas para edificação da Igreja. São informações valiosíssimas para a vida do cristão. Será que as pessoas que pregam Jesus como chave da prosperidade já imaginaram como seria a igreja, hoje, se Paulo tivesse ensinado como eles? Como a Igreja poderia ser edificada com o conhecimento de suas experiências, se ele tivesse “determinado” a prosperidade e exigido viver apenas momentos maravilhosos? Como poderíamos ser fortificados pelas suas palavras de fé?  Lembremos, inclusive, que Paulo convivia com um “espinho na carne”, o qual já havia pedido várias vezes a cura ao Senhor, mas que obteve um “não” como resposta, junto a um consolo de que lhe bastava a Graça. Deus sabe o motivo pelo qual negou a cura ao seu servo. Porém, nem por isso Paulo se voltou contra o Pai, exigiu-lhe a cura, ou deixou de agradecê-lo e servi-lo. Sabemos que “Jesus levou nossas enfermidades”, e temos diversas outras maravilhosas promessas, porém, temos que entender que tudo que pedirmos ao Pai deve, primeiro, passar por sua aprovação, e não pelos nossos próprios deleites.  Se assim for, não seremos ouvidos. Sua vontade é boa, perfeita e agradável e deve ser aceita, sempre.

Precisamos nos desviar de toda e qualquer visão distorcida da sã doutrina (I Tm 6:3-5 Tito 1:9; II Tm 4:3;). Deus pode nos abençoar e nos dar uma vida próspera? Claro que sim! Mas nosso coração não pode e não deve estar nas bênçãos terrenas. Lembremos que Deus se agradou de Salomão quando ele lhe pediu para ter sabedoria para cuidar do seu povo, ao invés de riquezas; contudo, a riqueza lhe foi dada como presente. Procure fazer algo para a propagação do Evangelho. Procure ajudar o próximo. Procure se moldar ao caráter de Cristo. Fazendo a sua parte, certamente você será abençoado, pois Deus conhece as nossas necessidades, mas não foque seu desejo nos presentes terrenos, pois os tesouros da terra passarão, mas o que você ganhará em se envolver, verdadeiramente, com  a Obra do Senhor e com as vidas que necessitam de ajuda, nem a traça nem a ferrugem consumirá o seu maravilhoso presente. Pense nisso!

Agora gostaria de deixar pedaços de duas letras de música para reflexão. Uma delas, tem a visão da Teologia da Prosperidade. Outra, a visão correta, de como devemos enxergar o sofrimento, as angustias e os problemas. Qual delas é compatível com a Bíblia? Será que você descobre? Boa diversão!


“Se o telefone tocar, agora é diferente: é só boa notícia daqui para frente; Se a campainha tocar, não tenha medo não, é a bênção do Senhor batendo no portão...”


“Meu Jesus Maravilhoso és.... mesmo quando tudo não vai bem, eu continuo olhando para Ti.... oh dai-me forças para continuar, guardando Tua promessa em oração... e mesmo quando eu chorar, as minhas lágrimas serão para regar a minha fé e consolar meu coração, pois os que choram aos pés da cruz, clamando o nome de Jesus, alcançarão de Ti Senhor, misericórdia, graça e luz...”

4 comentários:

  1. Esta teologia somente tem lugar no atual modelo de igreja institucionalizada e confortável. Jamais poderiamos imaginar algo assim no seio da igreja perseguida dos primeiros séculos.
    Cada denominação e pastor, mesmo aqueles que não pregam essa doutrina passam toda sua existência gastando quase tudo o que entra nos caixas das igrejas em tijolos e coisas.
    oremos para que a Igreja possa redescobrir a simplicidade que há em Cristo.

    ResponderExcluir
  2. quando entramos no universo daqueles que vivenciaram uma verdadeira experiencia com cristo, notamos a diferença entre os cristãos que vivem o evangelho genuíno e o evangelho corrompido pregado pelos pregadores da prosperidade e da confissão positva,o que nos conforta e que Deus tem usado homens e mulheres comprometidos com a verdade para desfazer essas heresias, continue a pregar esse evangelho puro e simples.

    ResponderExcluir
  3. Que Deus continue nos direcionando a ensinar o Seu Evangelho puro e simples, amado irmão William.

    ResponderExcluir

Pesquisar este blog